Em 2 Reis 4:8-38, encontramos a história de Eliseu e uma generosa mulher sunamita que o hospeda. Ao reconhecer Eliseu como um servo de Deus, ela o acolhe em sua casa. Como retribuição, Eliseu, ao saber que ela é estéril, profetiza que ela terá um filho. A profecia se concretiza, mas, anos depois, a criança morre inesperadamente. Em sua aflição, a mulher procura Eliseu, que, através da intervenção de Deus, traz o menino de volta à vida, manifestando o poder e a misericórdia de Deus.

A ressurreição do filho da sunamita em 2 Reis 4:8-38

Certo dia, Eliseu foi a Suném, onde uma mulher rica insistiu que ele fosse tomar uma refeição em sua casa. Depois disso, sempre que passava por ali, ele parava para uma refeição.

Em vista disso, ela disse ao marido: Sei que esse homem que sempre vem aqui é um santo homem de Deus.

Vamos construir lá em cima um quartinho de tijolos e colocar nele uma cama, uma mesa, uma cadeira e uma lamparina para ele. Assim, sempre que nos visitar ele poderá ocupá-lo.

Um dia, quando Eliseu chegou, subiu ao seu quarto e deitou-se.

Ele mandou o seu servo Geazi chamar a sunamita. Ele a chamou e, quando ela veio, Eliseu mandou Geazi dizer-lhe: Você teve todo este trabalho por nossa causa. O que podemos fazer por você? Quer que eu interceda por você ao rei ou ao comandante do exército?
Ela respondeu: Estou bem entre a minha própria gente.

Mais tarde Eliseu perguntou a Geazi: O que se pode fazer por ela?
Ele respondeu: Bem, ela não tem filhos, e seu marido é idoso.

Então Eliseu mandou chamá-la de novo. Geazi a chamou, ela veio até a porta, e ele disse: Por volta desta época, no ano que vem, você estará com um filho nos braços.
Ela contestou: Não, meu senhor. Não iludas a tua serva, ó homem de Deus!

Mas, como Eliseu lhe dissera, a mulher engravidou e, no ano seguinte, por volta daquela mesma época, deu à luz um filho.

O menino cresceu e, certo dia, foi encontrar-se com seu pai, que estava com os ceifeiros.

De repente ele começou a chamar o pai, gritando: Ai, minha cabeça! Ai, minha cabeça!
O pai disse a um servo: Leve-o para a mãe dele.

O servo o pegou e o levou à mãe. O menino ficou no colo dela até o meio-dia e morreu.

Ela subiu ao quarto do homem de Deus, deitou o menino na cama, saiu e fechou a porta.

Ela chamou o marido e disse: Preciso de um servo e de uma jumenta para ir falar com o homem de Deus. Vou e volto logo.

Ele perguntou: Mas por que hoje? Não é lua nova nem sábado!
Ela respondeu: Não se preocupe.

Ela mandou selar a jumenta e disse ao servo: Vamos rápido; só pare quando eu mandar.

Assim ela partiu para encontrar-se com o homem de Deus no monte Carmelo.
Quando ele a viu a distância, disse a seu servo Geazi: Olhe! É a sunamita!

Cor­ra ao seu encontro e pergunte a ela: Está tudo bem com você? Tudo bem com seu marido? E com seu filho?
Ela respondeu a Geazi: Está tudo bem.

Ao encontrar o homem de Deus no monte, ela se abraçou aos seus pés. Geazi veio para afastá-la, mas o homem de Deus lhe disse: Deixe-a em paz! Ela está muito angustiada, mas o Senhor nada me revelou e escondeu de mim a razão de sua angústia.

E disse a mulher: Acaso eu te pedi um filho, meu senhor? Não te disse para não me dar falsas esperanças?

Então Eliseu disse a Geazi: Ponha a capa por dentro do cinto, pegue o meu cajado e corra. Se você encontrar alguém, não o cumprimente e, se alguém o cumprimentar, não responda. Quando lá chegar, ponha o meu cajado sobre o rosto do menino.

Mas a mãe do menino disse: Juro pelo nome do Senhor e por tua vida que, se ficares, não irei. Então ele foi com ela.

Geazi chegou primeiro e pôs o cajado sobre o rosto do menino, mas ele não falou nem reagiu. Então Geazi voltou para encontrar-se com Eliseu e lhe disse: O menino não voltou a si.

Quando Eliseu chegou à casa, lá estava o menino, morto, estendido na cama.

Ele entrou, fechou a porta e orou ao Senhor.

Depois deitou-se sobre o menino, boca a boca, olhos com olhos, mãos com mãos. Enquanto se debruçava sobre ele, o corpo do menino ia se aquecendo.

Eliseu levantou-se e começou a andar pelo quarto; depois subiu na cama e debruçou-se mais uma vez sobre ele. O menino espirrou sete vezes e abriu os olhos.

Eliseu chamou Geazi e o mandou chamar a sunamita. E ele obedeceu. Quando ela chegou, Eliseu disse: Pegue seu filho.

Ela entrou, prostrou-se a seus pés, curvando-se até o chão. Então pegou o filho e saiu.

Explicação sobre a morte e ressurreição do filho da sunamita

A história da mulher sunamita é um poderoso testemunho de fé, hospitalidade, perseverança e milagre.

A sunamita não conhecia Eliseu, mas reconheceu nele um homem de Deus e o acolheu em sua casa com generosidade. Sua atitude revela sensibilidade espiritual e um coração disposto a servir sem buscar recompensa. A hospitalidade era um valor cultural forte, mas aqui é elevada a um gesto de fé ativa.

Eliseu, tocado por sua bondade, deseja recompensá-la. Ao saber que ela não tinha filhos e seu marido já era idoso, profetiza o nascimento de um filho. A reação da mulher mostra que ela já havia desistido desse sonho, talvez por frustração ou idade avançada. Mesmo assim, Deus a surpreende com uma promessa que parecia impossível.

Quando o menino morre, a mulher não entra em desespero. Ela age com decisão e fé: sobe com o corpo do filho ao quarto do profeta, fecha a porta, e parte imediatamente ao encontro de Eliseu. Ela nem sequer revela a tragédia ao marido. Isso mostra uma confiança inabalável de que, se alguém poderia ajudar, seria o homem de Deus.

Eliseu, ao ver a dor da mulher, intercede por ela. A forma como ele ora, insiste e persiste até que o menino volte à vida mostra que o milagre não foi automático, houve esforço, entrega e dependência total de Deus. A ressurreição é uma das maiores demonstrações do poder divino na vida de Eliseu.

A mulher sunamita era viúva?

O texto bíblico é claro ao indicar que ela era casada e seu marido ainda estava vivo no momento dos acontecimentos. Em 2 Reis 4:9, ela conversa diretamente com o marido ao decidir preparar um quarto para Eliseu. Mais adiante, o filho vai ao encontro do pai no campo. Quando o menino adoece, ela novamente fala com o marido e pede autorização para ir atrás do profeta.

Além disso, Geazi, discípulo de Eliseu, pergunta se estava tudo bem com ela, com o filho e com o marido, o que dá outra evidência de que o esposo vivia.

O fato de o marido ser chamado de “idoso” pode ter gerado alguma suposição errada sobre viuvez. No entanto, o relato bíblico mostra uma dinâmica ativa entre o casal, com decisões e diálogos. Logo, ela não era viúva, mas sim uma mulher casada, piedosa e de grande discernimento espiritual.

O que podemos aprender com Eliseu e a sunamita

  • A fé perseverante da mulher sunamita nos inspira a não desistirmos diante das perdas.
  • Deus honra aqueles que o servem com sinceridade e generosidade.
  • Mesmo quando tudo parece perdido, Deus ainda pode agir com poder restaurador.
  • A intimidade com Deus permite reconhecer e acolher aquilo que vem dEle, como fez a sunamita com Eliseu.

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