José do Egito foi uma figura icônica do Antigo Testamento, conhecido pelos seus sonhos proféticos e por sua inabalável confiança em Deus. Nascido em uma família de treze irmãos e sendo o preferido de seu pai, Jacó, José logo despertou a ira e inveja de seus irmãos, resultando em uma saga de vida incrível, que o levou do abismo de um poço à grandiosidade do poder egípcio.

O talento de José de interpretar sonhos deu início à sua impressionante jornada, primeiro como um escravo vendido por seus próprios irmãos, e depois como um prisioneiro acusado injustamente. Através dessas adversidades que José se destaca, sua fé em Deus inabalável e seu caráter incorruptível o conduzem a um surpreendente despertar de prosperidade e poder no Egito.

A história de José do Egito mostra a virtude da perseverança, a importância da confiança em Deus e o poder do perdão. Ela conta a história de um homem que, apesar de todos os obstáculos, nunca perdeu a sua fé, e cuja vida exemplifica a verdade de que Deus pode transformar as circunstâncias mais sombrias em luz resplandecente. A vida de José é uma jornada de fé emocionante, cheia de lições valiosas que ressoam até os dias de hoje.

Nascimento e rivalidade com os irmãos

De todos os treze filhos de Jacó, José era um dos mais novos. A Bíblia relata que José era, de fato, o filho preferido de José, ao ponto de presenteá-lo com uma bela túnica, item valioso na antiguidade. Seus irmãos o invejavam, pois viam que Jacó o tratava de forma especial.

Além de ser um jovem talentoso, sabendo escrever e fazer contas, Deus concedeu a José a capacidade de ter sonhos proféticos, que revelavam um futuro distante. Jacó, teve dois sonhos significativos mencionados na Bíblia, no livro de Gênesis, capítulo 37.

José sonhou que ele e seus irmãos estavam amarrando feixes de trigo no campo. No entanto, os feixes dos irmãos se curvavam diante do feixe de José. (Gênesis 37:5-7). No segundo sonho, ele viu que o sol, a lua e onze estrelas se curvavam diante dele (Gênesis 37:9-10).

Para todos os irmãos, isso era uma afronta, como que um filho tão novo seria maior que os demais? Como que um jovem reinaria sobre os próprios pais? Tudo era um mistério, o que deixou até mesmo Jacó pensativo sobre tais coisas.

José é vendido como escravo para egípcios

Carregando consigo o desafeto dos vários irmãos, José corria perigo. Certa vez, seus irmãos estavam trabalhando no campo e seu pai, Jacó, lhe pediu para encontrá-los. Tendo sido avistado no caminho, seus irmãos planejaram matá-lo, debochando de suas visões.

O único irmão que ainda se preocupava com ele foi Rúben, que aconselhou os irmãos a não matá-lo, mas deixá-lo apenas jogado em um poço.

Assim fizeram, esperaram ele chegar, o agarraram e arrancaram a bela túnica que o pai lhe deu, depois o jogaram em um poço vazio. José ficou no poço por algum tempo, pois seus irmãos ainda se assentaram para comer.

Quando o grupo viu uma caravana de ismaelitas, Judá pensou que seria melhor vender o irmão do que matá-lo, pois dessa forma ainda iriam faturar em cima dele. E, dessa forma, venderam o irmão aos ismaelitas, que por sua vez, venderam José a Potifar, o oficial do faraó do Egito e capitão da guarda.

Rúben, que salvou a vida de José, estava longe do grupo quando venderam o pequeno irmão. Quando ele voltou ao poço para resgatá-lo, viu que voltou muito tarde e ele já não estava mais lá. Lamentou profundamente (Gênesis 37:29-30).

Os irmãos ainda armaram uma grande desculpa, pegaram a túnica de José, mancharam de sangue de animal e devolveram a Jacó. Quando o pai viu que aquela era a túnica de seu amado filho José, entrou em profundo luto, a ponto de ninguém conseguir consolá-lo.

A bênção sobre José e o assédio da mulher de Potifar

Após Potifar ter comprado José, colocou-o para trabalhar em sua casa. Tudo que José fazia prosperava, de forma que foi morar na casa de Potifar, concedendo a administração de toda casa, dando posteriormente a administração de toda a sua terra.

Como José era abençoado por Deus, e era bonito e de boa aparência, com o passar o tempo a mulher de Potifar se viu atraída pelo jovem. Certo dia, ela o convidou a deitar-se com ela, mas José respondeu:

Meu senhor não se preocupa com coisa alguma de sua casa, e tudo o que tem deixou aos meus cuidados. Ninguém desta casa está acima de mim. Ele nada me negou, a não ser a senhora, porque é a mulher dele. Como poderia eu, en­tão, cometer algo tão perverso e pecar contra Deus?
- Gênesis 39-8-9

E embora a moça lhe procurasse e insistisse nesse pecado, José ainda recusava e evitava a mulher por onde andava.

Até que certo dia, vendo que nenhum outro servo, além de José, estava em casa, a mulher de Potifar avançou sobre José, o agarrou e insistiu mais uma vez que ficassem juntos. Nesse momento, José escapa da mulher e foge de casa, deixando seu manto para trás. A mulher então pega o manto, e conta para os empregados e o marido que José tinha lhe assediado.

Depois disso, Potifar mandou que prendessem José. Na cadeia, porém, Deus continuou o abençoando, lhe concedendo a simpatia do carcereiro. Esse carcereiro, ao ver que José era especial, lhe concedeu o cargo de chefe dos prisioneiros, sendo ele responsável por tudo que acontecia por lá.

José interpreta os sonhos de dois prisioneiros

Estando José ainda preso, dois novos prisioneiros foram mandados para lá pelo próprio faraó. Eram eles o chefe dos copeiros e o chefe dos padeiros.

Os dois novos prisioneiros tiveram sonhos misteriosos, que não conseguiam entender. José, ao ver essa situação, disse-lhes para contarem os sonhos. José os ouviu, e deu-lhes a interpretação de cada sonho, mostrou que o chefe dos copeiros voltaria a sua posição de honra, ao lado do rei. Por outro lado, prenunciou que o chefe dos padeiros seria enforcado em uma árvore.

A única coisa que José pediu em favor ao chefe dos copeiros, era que se lembrasse dele, e o defendesse diante do faraó, uma vez que ele era inocente. Além de ter sido levado a força ao Egito, também foi falsamente acusado pela mulher de Potifar. E apesar desse pedido, o chefe dos copeiros esqueceu-se de José.

José conhece o faraó e interpreta o seu sonho

Mais adiante, o faraó passou a ter sonhos estranhos. Ele chamou todos os magos e sábios do Egito, mas ninguém conseguia lhe dizer o que seus sonhos significavam. Foi nesse momento que o chefe dos copeiros se lembrou de José, chamado na presença do faraó.

José logo se aprontou para ver o rei do Egito e ouvir seus sonhos. A Bíblia diz, em Gênesis 47, que o faraó se espantou com a capacidade de José, que deu uma interpretação exata de seus sonhos. Acontece que o Egito passaria por um grande período de fome, era isso que os sonhos diziam.

José aconselhou o faraó a eleger um governador, alguém que pudesse coordenar e supervisionar a produção da terra, de forma que o Egito fizesse um grande estoque, para que não passassem fome no futuro.

Diante de conselhos tão bons e de ver que o Senhor estava com José, faraó o colocou na posição de governador do Egito, o homem mais poderoso daquele lugar, abaixo apenas do próprio faraó.

A vida de José mudou completamente a partir desse momento, vivendo no luxo, vestindo linho fino, corrente e o anel-selo do faraó. Recebeu do rei, ainda, uma mulher, filha do sacerdote.

José reencontra seus irmãos

Diante da fome prevista por José, Jacó mandou dez de seus filhos descerem ao Egito para comprarem trigo para sobreviverem. Benjamim, porém, ficou com o pai.

Quando os filhos de Jacó chegaram no Egito, José os encontrou. O novo governador os reconheceu, mas os irmãos não reconheceram José. Dessa forma, José os manipulou, de forma que fossem buscar Benjamim para que um deles saísse da cadeia (Gênesis 42:15-16).

Na volta para Canaã, José mandou que enchessem os jumentos de trigo e devolveu-lhes a prata que usaram para pagar. Diante disso, os irmãos pensaram que seriam acusados, novamente, de causarem problemas ao Egito. Sendo assim, eles retornaram ao Egito com Benjamim, presentes, toda a prata que receberam de volta e mais o dobro, com medo de José.

Mas ao chegarem no Egito novamente, foram muito bem recepcionados, recebendo um grande almoço na casa de José. Este, por sua vez, ficou muito emocionado ao reencontrar seu irmão mais novo, Benjamim, e teve que sair de onde estavam para chorar. Até então, nenhum dos irmãos reconheceu José.

José revela a sua identidade

Após mais um truque para enganar seus irmãos, fazendo-lhes prometer Benjamim como escravo, José revela a verdade aos seus irmãos! Eles ficaram perplexos com essa notícia, e com o que Deus fez através da vida de José.

Dessa forma, José instrui que Jacó passasse a morar no Egito, longe da fome. O próprio faraó intervém na ação de José, auxiliando-os para a imigração de Canaã para o Egito. Foram providenciados carruagens, mantimentos e uma terra para se estabelecerem. Jacó ouviu toda a história e seu espírito ficou revigorado.

Quando Jacó chega ao Egito, José corre em sua direção, abraça-o e chora de alegria. Jacó também se alegra muito, a ponto de dizer que poderia morrer em paz. Jacó foi levado para conhecer o faraó e em seguida recebeu as melhores terras do Egito.

A fome se alastrou fortemente e José foi sagaz na administração do Egito. Vendeu o trigo estocado em troca de toda a prata, de todo o gado, de toda a terra e de todas as pessoas, tornando o faraó ainda mais poderoso do que já era.

A morte de José

O tempo passou, Jacó estava para morrer, abençoou todos os seus filhos sendo sepultado, embalsamado e colocado num sarcófago no Egito (assim como era feito com os líderes egípcios). Antes, o governador do Egito disse suas as últimas palavras aos seus irmãos:

Antes de morrer José disse a seus ir­mãos: "Estou à beira da morte. Mas Deus certamente virá em auxílio de vocês e os tirará desta terra, levando-os para a terra que prometeu com juramento a Abraão, a Isaque e a Jacó".
E José fez que os filhos de Israel lhe prestassem um juramento, dizen­do-lhes: "Quando Deus intervier em favor de vocês, levem os meus ossos da­qui".
- Gênesis 50:24-25

José morreu em paz com a idade com 110 anos.

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